Se não houvesse tanta violência entre as torcidas, o futebol seria um poço de histórias engraçadas. Histórias do dia-a-dia que enfeitam, fazem rir despreocupadamente. Particularmente, não torço por nenhum time. Futebol é algo que não me atrai, mas gosto de ver a alegria dos torcedores. Por isso, fico feliz quando o Fortaleza vence. As ruas ganham um colorido todo especial e adoro ver o sorriso estampado no rosto da minha mãe que torce pelo tricolor, mas também fico contente quando o Ceará ganha, pois a felicidade do meu irmão Paulinho é contagiante.
Na igreja que congrego tem o seu Kayati. Ceará doente. Quando tem jogo do Ceará, ele leva seu radinho de pilha e fica ouvindo a partida em pleno culto. É verdade.
Seu Kayati não quer deixar de ir á igreja, imagine. O pastor prega e ele fica com um ouvido no sermão e o outro no jogo. Quando o Ceará faz um gol, ele grita: “Aleluiaaaaa”. O brado ecoa por toda a igreja, e todos já sabem que o Ceará meteu um gol, enquanto os torcedores do Fortaleza exclamam baixinho: “Misericórdia”. Já estamos acostumados e o amamos muito.
Certa vez, numa reunião de oração, estava presente seu Kayati e um rapaz vestido com a camisa do Fortaleza. Como a paixão do seu Kayati pelo Ceará ganhou fama, o rapaz, em tom de brincadeira, apontou para a camisa e comentou: - “O senhor não se importa, não, né seu Kayati?”. Ele olhou para o rapaz e respondeu com uma seriedade cômica, tão peculiar da sua pessoa: - “Não, meu filho. Jesus diz na Bíblia que temos que amar nossos inimigos”. E abraçou o rapaz. A gargalhada foi geral.
Lembro de um culto em que o pastor deu oportunidade para as pessoas subirem no púlpito e pedirem oração por alguma causa importante. Depois de alguns pedidos por causas sérias, como doença, desemprego, crise conjugal, etc., o seu Kayati subiu e pediu para nós orarmos para o Ceará não ir para a segunda divisão, vocês podem acreditar? A igreja veio abaixo na gargalhada, ninguém agüentou. Ele foi uma pitada de sal naquele culto. Nos fez rir.
Tem gente “religiosa” na igreja que acha o jeito dele um absurdo, mas prefiro as histórias engraçadas do seu Kayati. São melhores que as violentas histórias publicadas na imprensa e as que vemos nas ruas. As pessoas se ofendem, se magoam, ficam inimigas por causa de futebol, quando poderiam transformar o futebol numa oportunidade de festa e comunhão.
Seu Kayati sabe transformar as bênçãos que Deus dá em alegria. O prazer da vitória do seu time é uma delas, do mesmo modo sabe transformar em coisas engraçadas as derrotas. Imagino que seja assim em todas as áreas da sua vida. Quero aprender com seu Kayati, transformar as perdas em riso. Isso é lucro. Meu e dos outros.
Friday, December 29, 2006
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