Monday, February 12, 2007

Gotas de Sofia... Coisas do Destino

Dia desses tomei o ônibus Parangaba/Mucuripe, na altura da Av. João Pessoa. Era um sábado quente, o calor sufocante das duas da tarde, essas tardes de calor que temos vivido ultimamente, onde todo mundo se encontra na parada da impaciência. Você já reparou como as pessoas ficam inquietas e irritadiças devido ao calor?
Pois bem, na parte de trás do ônibus se posicionavam, em direção á roleta, umas oito pessoas, esperando o cobrador, que não se encontrava no seu local de trabalho.
Percebi uma mulher morena, baixinha, troncuda, braços cruzados, batendo o pé com rapidez, naquele típico gesto de espera indesejável. E o cobrador, nada. Uns foram se sentando e nas paradas seguintes foi subindo mais passageiros, e o cobrador...Nada.
Todos os rostos estavam voltados para o lado do motorista, esperávamos que surgisse o desejado cobrador, pois o espaço já estava mais que apertado.
Já chegando na Av. 13 de Maio, a mulher baixinha, troncuda e com cara de típica cearense, mostrou ser mesmo “cabeça chata” literalmente, através do linguajar. Todos sabem que cearense A-DO-RA palavrão, que linguagem de baixo calão é lugar comum aqui na terrinha. Não demorou muito para a mulher baixinha e troncuda abrir o verbo “palavrear”.
Gritou a plenos pulmões: - “Motoriiiiiistaaaaa, cadê o “fela” da p... do trocador? A gente tem mais o que fazer... Eu num posso ficar nessa p.... em pé a tarde toda, não!”
O motorista olhou pelo retrovisor com os olhos espantados e perguntou: - “O cobrador num tá aí, não?”. E todos responderam em uníssono: - “Nãããooo!”
O homem botou a mão na cabeça e disse: - “Valha, esqueci o cobrador no terminal”.
A gargalhada foi unânime. Ficamos uns cinco minutos esperando o esquecido e aflito cobrador chegar num ônibus logo atrás.
Desci no meu itinerário pensando: "Coisas de cearense..."
Com esse episódio, meditei em duas coisas. Primeiro, Deus nunca esquece de nós. O profeta Isaías diz que é mais fácil uma mãe esquecer seu filho que mama do que Deus nos esquecer. Segundo, precisamos uns dos outros. Precisamos do cobrador, do motorista, do lixeiro, do médico, do vendedor, do enfermeiro, dos amigos, da família. Precisamos de todos e todos precisam de nós. Thomas Merton, no livro “Homem algum é uma ilha”, diz que somente quando aceitarmos que somos uma raça destinada a ser um só organismo, é que poderemos fazer um mundo com dias melhores. O individualismo nos viola porque não somos destinados a ele. Segundo a Bíblia, nosso destino a ser UM SÓ em Jesus. Pense nisso!

2 comments:

Anonymous said...

Olha, esse texto além de engraçado é muito profundo! Você é iluminada, Rosane. Adorei mesmo!

Anonymous said...

O esquecimento desse motorista lembrou-me de uma grandiosa lerdeza minha:pois não é que um dia fui para a faculdade de carro e voltei de ônibus?Costumava ir à essa aula de ônibus.O duro foi pegar outro ônibus para buscar o carro.