A Psicologia do Lavar Pratos
É bom lavar pratos. Eu gosto. Gosto de sentir a água fria escorrendo pelas mãos. Inventaram a máquina de lavar louça; ainda bem que não pegou, ou seja, ainda bem que esse acessório que eu considero absolutamente fútil, não barateou o suficiente para que a população se interessasse em comprar. Seria mais uma vitória da máquina sobre o homem.
É bom lavar pratos. Eu gosto. Gosto de sentir a água fria escorrendo pelas mãos. Inventaram a máquina de lavar louça; ainda bem que não pegou, ou seja, ainda bem que esse acessório que eu considero absolutamente fútil, não barateou o suficiente para que a população se interessasse em comprar. Seria mais uma vitória da máquina sobre o homem.
Lavar pratos é terapêutico. A compra dessa máquina retiraria todo o prazer das donas-de-casa que já tem a vida tão difícil. Elas deviam descobrir o prazer que há numa lavagem de pratos, mas infelizmente só conhecem a obrigação de lavar a louça após o almoço, o que dificulta na percepção do prazer. Experimente ir para a pia lavar pratos ouvindo uma boa música. Experimente fazê-lo sem o estigma da obrigação (é um recado para as donas-de-casa).
Conheço duas maneiras de saber o que uma pessoa pensa da vida lavando pratos em sua casa ou estando ao seu lado enquanto dirige o carro.
Faço sempre esse teste; é tiro e queda. Mas faço sempre com amigos, é claro, com pessoas que tenho um certo grau de intimidade.
Quando, estando eu na casa de amigas, após o almoço, vou para a pia na intenção de lavar a louça, as reações são as mais diversas. Cada reação mostra um pouquinho do que há no coração daquela pessoa.
Tenho uma amiga que todas as vezes que vou em direção à sua pia e pego nos pratos para os lavar, ela diz: “Não, Rosane, nem pensar”. Observo então que para ela, lavar pratos alheios é, digamos, uma ação diminutiva. Ou o dono dos pratos os lava por obrigação ou paga-se uma profissional para o ato. Visita é visita. Não há intimidade. Seu coração está cheio de desconfianças, portanto, receber ajuda de alguém, para ela, é um horror.
Na casa de outra, lavar os pratos é uma forma de pagamento. Quem lava é a pessoa que não cozinhou, mas comeu. Ela sempre me olha com o seguinte argumento no olhar: “Bem, eu cozinhei, você lava”. Me ofereço e me arrasto para a pia com a sensação de todas as donas-de-casa. Por uns momentos lavar pratos se torna chato e cansativo, até que começo a sentir a água em minhas mãos e aí vem o prazer. É uma pessoa rígida, exigente e cheia de modelos humanos.
Já na casa de outra, da Neide, lavar pratos é uma comunhão. Sinto cumplicidade, irmandade. Amo sua pia. Sinto-me morando em sua casa, fazendo parte da família. Não existe obrigação, não há desconforto. Pode lavar os pratos quem quiser. Quando ela diz: “Deixa aí Rô!”, é pelo simples fato de querer ficar na mesa estendendo a conversa , nada mais.
Lavar pratos na casa das minhas amigas Neide e Neuma é, também, lavar a alma.
Conheço duas maneiras de saber o que uma pessoa pensa da vida lavando pratos em sua casa ou estando ao seu lado enquanto dirige o carro.
Faço sempre esse teste; é tiro e queda. Mas faço sempre com amigos, é claro, com pessoas que tenho um certo grau de intimidade.
Quando, estando eu na casa de amigas, após o almoço, vou para a pia na intenção de lavar a louça, as reações são as mais diversas. Cada reação mostra um pouquinho do que há no coração daquela pessoa.
Tenho uma amiga que todas as vezes que vou em direção à sua pia e pego nos pratos para os lavar, ela diz: “Não, Rosane, nem pensar”. Observo então que para ela, lavar pratos alheios é, digamos, uma ação diminutiva. Ou o dono dos pratos os lava por obrigação ou paga-se uma profissional para o ato. Visita é visita. Não há intimidade. Seu coração está cheio de desconfianças, portanto, receber ajuda de alguém, para ela, é um horror.
Na casa de outra, lavar os pratos é uma forma de pagamento. Quem lava é a pessoa que não cozinhou, mas comeu. Ela sempre me olha com o seguinte argumento no olhar: “Bem, eu cozinhei, você lava”. Me ofereço e me arrasto para a pia com a sensação de todas as donas-de-casa. Por uns momentos lavar pratos se torna chato e cansativo, até que começo a sentir a água em minhas mãos e aí vem o prazer. É uma pessoa rígida, exigente e cheia de modelos humanos.
Já na casa de outra, da Neide, lavar pratos é uma comunhão. Sinto cumplicidade, irmandade. Amo sua pia. Sinto-me morando em sua casa, fazendo parte da família. Não existe obrigação, não há desconforto. Pode lavar os pratos quem quiser. Quando ela diz: “Deixa aí Rô!”, é pelo simples fato de querer ficar na mesa estendendo a conversa , nada mais.
Lavar pratos na casa das minhas amigas Neide e Neuma é, também, lavar a alma.
3 comments:
Lindo texto, parabéns pela percepção do simples em direção ao amplo.
Esse texto fez-me sorrir.Coisas de Rosane...Nunca lavei pratos na casa do meu pai porque queriam que apenas eu,e não os meus irmãos,colaborasse com as tarefas de casa.A minha recusa precoce era a expressão infantil do meu feminismo:não lavava mesmo!Era uma coisa ideológica.(risos)Já na minha nova casa,lavo ouvindo música,conversando,às vezes cansada,depende do momento.Mas sinto que estou cuidando do que é meu e mantendo a ordem.Nada disso é negativo para mim.Pois não que lavar a louça pode ter significado mesmo?
Como diria nossa saudosa Jô - "Vc vê poesia em tudo!". RSS
Detesto lavar pratos, mas, adoro saber que o aconchego aqui em casa te faz se sentir com a alma lavada.
Na verdade, isso não é mérito nem meu, nem da Neide, e sim, DELE, que vive aqui, lavando nossos corações, nos banhando com SUA paz que excede todo entendimento.
AMO VOCÊ. BEIJO!
Neuma.
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