Sunday, November 26, 2006
Minha Pretenciosa Gota de Sofia - Ele Quer Nos Enfeitar
Sempre que passo pela Praça da Bandeira, gosto de dar uma olhada nas pequeninas flores brancas que nascem nas “coxias”, que nascem “ao léu”, “sem eira, nem beira”, como diz o “dialeto” cearense. Elas formam um tapete bonito de se ver, apesar de durarem pouquinho. Em questão de poucos dias não existem mais, e dá uma sensação de que a velha praça, maltratada pelo tempo e abandonada pela prefeitura, perdeu seu único e frágil elo com a beleza. Como uma mulher que perde suas bijuterias e não tem mais como se enfeitar. Mas as pequenas flores sempre voltam, vez e outra estão lá, como que tentando dar beleza ao feio lugar. Ninguém as percebe ninguém as nota, mas elas insistem em existir. Tenho a impressão de que as florzinhas da Praça da Bandeira estão sorrindo o tempo todo. Mas sorrindo para quem? Só pode ser para Deus, penso eu. Quem se preocuparia em colocá-las num lugar tão sem graça? Elas bem que poderiam estar nos canteiros bem tratados dos condomínios de luxo de Fortaleza, mas estão sempre nas praças esburacadas, nas calçadas, nos terrenos baldios.
Certa vez estava na fazenda de um amigo em Acopiara, sentada á margem de um pequeno açude, quando me chamou atenção um pequeno bichinho que tem o vulgar nome de Mané-mago. O bichinho parece-se com um graveto, pequeno, frágil, perdido no meio do mato, sem atrativo nenhum, mas de um andar tão elegante, tão harmonioso que me lembrou a leveza de um bailarino.
Deus tem suas manias. Em algumas de suas criações, percebe-se que Ele não está nem um pouquinho preocupado em mostrá-las ao homem, me escandalizo ao constatar que é para deleite dEle mesmo.
Nos evangelhos, Jesus fala da beleza do lírio dos vales e todas as vezes que leio esta passagem o imagino dizendo: “Olhai as florzinhas da Praça da Bandeira, não tecem nem fiam e mesmo Salomão em toda sua elegância jamais se vestiu como elas. Se Deus cuida de plantas que vêm e vão, imagine de vocês que são tão amados e que tem para Ele mais valor que as flores”.
É bom saber que Deus cuida de nós para Seu próprio deleite, sem importar se percebemos ou não. As florzinhas, os Mané-magos, nem lembramos que existem, mas Deus lembra que NÓS existimos e que, mesmo que não acreditemos, precisamos de Sua presença, de Sua atenção ás nossas pequenas necessidades materiais, ás nossas pequenas necessidades emocionais, afetivas. Dentro do mais feio e sem graça de nós, Deus quer plantar “pequenas flores” para nos enfeitar.
Jesus, segundo o profeta Isaías, não tinha nenhuma beleza, nenhum atrativo, nada que chamasse atenção, que agradasse, mas os profetas o chamaram de a “Rosa de Saron”, uma flor que dá em todo o Israel, que nasce em qualquer solo, independente das circunstâncias. Jesus é a flor que Deus enviou para enfeitar esse mundo tão feio, lugar de tantas lágrimas, onde acontece tanta coisa sem graça. A diferença é que desta vez não foi só para Seu deleite, mas para o NOSSO também, se assim quisermos, se não permitirmos que Jesus, como as florzinhas da Praça da Bandeira, fique esquecido e Seu grande amor passe despercebido por nós.
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