Friday, November 24, 2006
Gota de Sofia com Charles Baudelaire
É impossível percorrer uma gazeta qualquer, seja de que dia for, ou de que mês, ou de que ano, sem nela encontrar, a cada linha, os sinais da perversidade humana mais espantosa, ao mesmo tempo em que as gabolices mais surpreendentes de probidade, de bondade, de caridade, e as afirmações mais descaradas a respeito do progresso e da civilização. Os jornais, sem exceção, da primeira à última linha, não passam dum tecido de horrores. Guerras, crimes, roubos, impudicícias, torturas, crimes dos príncipes, crimes das nações, crimes dos particulares, uma embriaguez de atrocidade universal. É com esse repugnante aperitivo que o homem civilizado acompanha a sua refeição de cada manhã. Tudo, nesse mundo, transpira o crime: o jornal, a muralha e o semblante do homem. Não compreendo que uma mão pura possa tocar num jornal sem uma convulsão de repugnância.
Nota de Sofia: Pode-se dizer o mesmo da televisão
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