Todos nós conhecemos as quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno. É sabido também que cada estação traz um modo de vida diferente. No verão, por exemplo, não nos comportamos como nos comportamos no inverno; o consumo de água aumenta quase 100%, vamos mais á praia, vestimos roupas mais leves e saímos mais para passeios.
Já no inverno é diferente, nos recolhemos mais em casa, sentimos mais sono,
nos vestimos com roupas quentes, etc..
Na vida espiritual acontece o mesmo. Passamos por "estações" diferentes. Existem invernos, verões, outonos e primaveras. A mais temida dessas estações é o inverno espiritual. Tempestades como desemprego, enfermidade, perda de um ente querido, pode, de uma hora para outra, assolar a vida, tornando-a insuportável.
Apesar de tudo, o inverno passa e no final vem o resultado maravilhoso: fartura de comida, água que enche açudes e rios, e muitas outras bênçãos que só chegam depois de uma boa invernada.
É incrível, mas só nascem flores, frutos e há água em abundância, se houver inverno. O mesmo acontece no reino espiritual. É assim que crescemos, que amadurecemos e conseguimos vitórias maravilhosas. Tempo de inverno é tempo de plantar. Não desista dos seus sonhos, por mais difícil que esteja, por mais frio que faça na sua alma. Aqueça-se nos braços de Jesus e não esmoreça. O Salmo 126 nos promete: "aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará com alegria, trazendo consigo os seus molhos."
Monday, July 30, 2007
Gotas de Sofia com Carlos Drummond - Prece do Brasileiro
Meu Deus,
Só me lembro de vós para pedir,
mas de qualquer modo sempre é uma lembrança.
Desculpai vosso filho, que se veste
de humildade e esperança
e vos suplica: Olhai para o Nordeste
onde há fome, Senhor, e desespero
rondando nas estradas
entre esqueletos de animais.
Em Iguatu, Parambu, Baturité,Tauá
(vogais tão fortes não chegam até vós?)
vede as espectrais
procissões de braços estendidos,
assaltos, sobressaltos, armazéns
arrombados e - o que é pior - não tinham nada.
Fazei, Senhor, chover a chuva boa,
aquela que, florindo e reflorindo, soa
qual cantada de Bach em vossa glória
e dá vida ao boi, ao bode, à erva seca,
ao pobre sertanejo destruído no que tem de mais doce e mais cruel:
a terra estorricada sempre amada.
Fazei chover, Senhor, e já! numa certeira
ordem às nuvens.
Ou desobedecema vosso mando, as revoltosas?
Tudo é pois contestação?
Fosse eu Vieira (o padre)
e vos diria, malcriado muitas e boas...mas sou vosso fã
omisso, pecador, bem brasileiro.
Comigo é na macia, no veludo/lã
e matreiro, rogo, não
ao Senhor Deus dos Exércitos (Deus me livre)
mas ao Deus que Bandeira, com carinho
botou em verso: "meu Jesus Cristinho".
E mudo até o tratamento: por que vós,
tão gravata e colarinho,
tão vossa excelência?
O você comunica muito mais
e se agora o trato de você,
ficamos perto, vamos papeando
como dois camaradas bem legais,
um puro; o outro, aquela coisa,
quase que maldito
mas amizade é isso mesmo: salta
o vale, o muro, o abismo do infinito.
Meu querido Jesus, que é que há?
Faz sentido deixar o Ceará
sofrer em ciclo a mesma eterna pena?
E você me responde suavemente:
Escute, meu cronista e meu cristão:
essa cantiga é antiga
e de tão velha não entoa não.
Você tem a Sudene abrindo frentes
de trabalho de emergência, antes fechadas.
Tem a ONU, que manda toneladas
de pacotes à espera de haver fome.
Tudo está preparado para a cena
dolorosamente repetida
no mesmo palco. O mesmo drama, toda vida.
No entanto, você sabe,
você lê os jornais, vai ao cinema, até um livro de vez em quando lê
se o Buzaid não criar problema:
Em Israel, minha primeira pátria
(a segunda é a Bahia)
desertos se transformam em jardins
em pomares, em fontes, em riquezas.
E não é por milagre:
obra do homem e da tecnologia.
Você, meu brasileiro,
não acha que já é tempo de aprender
e de atender àquela brava gente
fugindo à caridade de ocasião
e ao vício de esperar tudo da oração?
Jesus disse e sorriu. Fiquei calado.
Fiquei, confesso, muito encabulado,
mas pedir, pedir sempre ao bom amigo
é balda que carrego aqui comigo.
Disfarcei e sorri. Pois é, meu caro.
Vamos mudar de assunto. Eu ia lhe falar
noutro caso, mais sério, mais urgente.
Escute aqui, ó irmãozinho.
Meu coração, agora, tá no México
batendo pelos músculos de Gérson,
a unha de Tostão, a ronha de Pelé,
a cuca de Zagalo, a calma de Leão
e tudo mais que liga o meu país
e uma bola no campo e uma taça de ouro.
Dê um jeito, meu velho, e faça que essa taça
sem milagres ou com ele nos pertença
para sempre, assim seja...Do contrário
ficará a Nação tão malincônica,
tão roubada em seu sonho e seu ardor
que nem sei como feche minha crônica.
30 de maio de 1970.
Só me lembro de vós para pedir,
mas de qualquer modo sempre é uma lembrança.
Desculpai vosso filho, que se veste
de humildade e esperança
e vos suplica: Olhai para o Nordeste
onde há fome, Senhor, e desespero
rondando nas estradas
entre esqueletos de animais.
Em Iguatu, Parambu, Baturité,Tauá
(vogais tão fortes não chegam até vós?)
vede as espectrais
procissões de braços estendidos,
assaltos, sobressaltos, armazéns
arrombados e - o que é pior - não tinham nada.
Fazei, Senhor, chover a chuva boa,
aquela que, florindo e reflorindo, soa
qual cantada de Bach em vossa glória
e dá vida ao boi, ao bode, à erva seca,
ao pobre sertanejo destruído no que tem de mais doce e mais cruel:
a terra estorricada sempre amada.
Fazei chover, Senhor, e já! numa certeira
ordem às nuvens.
Ou desobedecema vosso mando, as revoltosas?
Tudo é pois contestação?
Fosse eu Vieira (o padre)
e vos diria, malcriado muitas e boas...mas sou vosso fã
omisso, pecador, bem brasileiro.
Comigo é na macia, no veludo/lã
e matreiro, rogo, não
ao Senhor Deus dos Exércitos (Deus me livre)
mas ao Deus que Bandeira, com carinho
botou em verso: "meu Jesus Cristinho".
E mudo até o tratamento: por que vós,
tão gravata e colarinho,
tão vossa excelência?
O você comunica muito mais
e se agora o trato de você,
ficamos perto, vamos papeando
como dois camaradas bem legais,
um puro; o outro, aquela coisa,
quase que maldito
mas amizade é isso mesmo: salta
o vale, o muro, o abismo do infinito.
Meu querido Jesus, que é que há?
Faz sentido deixar o Ceará
sofrer em ciclo a mesma eterna pena?
E você me responde suavemente:
Escute, meu cronista e meu cristão:
essa cantiga é antiga
e de tão velha não entoa não.
Você tem a Sudene abrindo frentes
de trabalho de emergência, antes fechadas.
Tem a ONU, que manda toneladas
de pacotes à espera de haver fome.
Tudo está preparado para a cena
dolorosamente repetida
no mesmo palco. O mesmo drama, toda vida.
No entanto, você sabe,
você lê os jornais, vai ao cinema, até um livro de vez em quando lê
se o Buzaid não criar problema:
Em Israel, minha primeira pátria
(a segunda é a Bahia)
desertos se transformam em jardins
em pomares, em fontes, em riquezas.
E não é por milagre:
obra do homem e da tecnologia.
Você, meu brasileiro,
não acha que já é tempo de aprender
e de atender àquela brava gente
fugindo à caridade de ocasião
e ao vício de esperar tudo da oração?
Jesus disse e sorriu. Fiquei calado.
Fiquei, confesso, muito encabulado,
mas pedir, pedir sempre ao bom amigo
é balda que carrego aqui comigo.
Disfarcei e sorri. Pois é, meu caro.
Vamos mudar de assunto. Eu ia lhe falar
noutro caso, mais sério, mais urgente.
Escute aqui, ó irmãozinho.
Meu coração, agora, tá no México
batendo pelos músculos de Gérson,
a unha de Tostão, a ronha de Pelé,
a cuca de Zagalo, a calma de Leão
e tudo mais que liga o meu país
e uma bola no campo e uma taça de ouro.
Dê um jeito, meu velho, e faça que essa taça
sem milagres ou com ele nos pertença
para sempre, assim seja...Do contrário
ficará a Nação tão malincônica,
tão roubada em seu sonho e seu ardor
que nem sei como feche minha crônica.
30 de maio de 1970.
Tuesday, July 17, 2007
Gotas de Sofia com T.S. Eliot
A Áquila paira no topo dos Céus,
O Órion, com seus cães, percorre o seu circuito.
Ó revolução perpétua de estrelas fixas,
Ó eterno retorno das mesmas estações,
Ó mundo de primavera e outono, de nascer e morrer!
O círculo sem fim de idéia e ação.
De invenção sem fim, de experimentação sem fim,
Traz conhecimento do movimento, mas não da tranquilidade;
Conhecimento da língua, mas não do silêncio;
Conhecimento de palavras, e ignorância da Palavra.
Todo o nosso conhecimento nos leva mais próximos da nossa ignorância,
Toda a nossa ignorância nos leva para mais perto da morte,
Mas uma proximidade da morte que não é proximidade de Deus.
Onde está a vida que perdemos no viver?
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?
Onde está o conhecimento que perdemos na informação?
Os círculos dos Céus em vinte séculos
Levam-nos para mais longe de Deus e para mais perto do pó.
Monday, July 16, 2007
Gotas de Sofia - Bebível Adélia
Acabei de ler agora mesmo Adélia Prado: “Uma ocasião/meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante/Por muito tempo moramos numa casa/como ele mesmo dizia/constantemente amanhecendo.”
Não é maravilhosa? Chama-se “Impressionista”. Leio e releio este poema que de tão simples, tornou-se profundo. Lembra muito as “cacimbas” (é cacimba mesmo, poço num gosto, não) do tempo em que eu era menina. Cacimba era coisa simples, comum, quase todo quintal tinha uma; mas havia mistérios nesses buracos de água que ás vezes metia medo. Criança perto de cacimba? Nem pensar! Eu aproveitava os raros momentos em que não estava sendo observada pelos adultos e adorava ficar olhando pra cacimba que tinha no quintal da minha casa e imaginando o mundo que existia lá no fundo. Imaginava que existia uma cidade no fundo do fundo da cacimba e que a água era o céu desta cidade e que quando o balde descia para pegar água, chovia na cidade imaginária. Era uma viagem.
E tomar banho de cacimba? Era maravilhoso. Ainda não tinha a Cagece e a gente bebia a água que o seu Manuel vendia. Seu Manuel era um senhor branco cheio de sardas, ele usava um chapéu de palha enorme, calção bege, botas de borracha preta que iam até o meio da canela (perna). Ele passava duas vezes na semana, numa carroça que carregava um enorme tonel de madeira pintado de verde. Era a carroça da água. O bairro inteiro saía correndo atrás da carroça. Lembro bem da torneira do tonel que eu achava linda e ficava olhando seu Manuel encher as latas de água só para poder apreciar a torneira do tonel. Essa água a gente bebia, cozinhava e lavava o cabelo, a da cacimba era só para fazer a higiene do corpo, da casa e para lavar a roupa. Seu Manuel entrava lá em casa, carregando em cada mão, latas de água que enchiam os potes e o meu coração de alegria. Até hoje não sei por que aquela carroça me alegrava tanto.
Um dia a Cagece chegou, meu pai resolveu aterrar a cacimba e o seu Manuel sumiu com sua carroça de tonel verde. Doeu ver minha cidade imaginária ser soterrada. Chorei tanto, com dó dos moradores, dos bichos. Mas a angústia passou quando vi o chuveiro e a banheira branquinha que meu pai mandou colocar no banheiro. Minha cidade imaginária foi transportada, e o melhor: eu podia fazer parte dela; era só entrar na banheira e construir meu mundo. Passei a sentir calor o tempo todo, a me sentir suja toda hora e tomar banho virou meu passatempo, esporte e hobby preferidos.
Mas voltando para a Adélia Prado, procuro ler seus poemas bem aos pouquinhos, bem devagar, todo dia umzinho. Me emprestaram esse livro e nunca vieram buscar, o que o torna mais desejado; de uma hora para a outra o dono pode aparecer e levá-lo. Quando meus olhos passeiam pelos poemas da Adélia, sinto a mesma alegria quando via a carroça do seu Manuel e o mesmo mistério de olhar para o fundo de uma cacimba nos tempos de infância.
Adélia é gostosa, é “bebível”. É uma cacimba de mistério, uma banheira de prazer, um tonel de palavras; uma poetisa em quem eu estou “constantemente” mergulhando.
Não é maravilhosa? Chama-se “Impressionista”. Leio e releio este poema que de tão simples, tornou-se profundo. Lembra muito as “cacimbas” (é cacimba mesmo, poço num gosto, não) do tempo em que eu era menina. Cacimba era coisa simples, comum, quase todo quintal tinha uma; mas havia mistérios nesses buracos de água que ás vezes metia medo. Criança perto de cacimba? Nem pensar! Eu aproveitava os raros momentos em que não estava sendo observada pelos adultos e adorava ficar olhando pra cacimba que tinha no quintal da minha casa e imaginando o mundo que existia lá no fundo. Imaginava que existia uma cidade no fundo do fundo da cacimba e que a água era o céu desta cidade e que quando o balde descia para pegar água, chovia na cidade imaginária. Era uma viagem.
E tomar banho de cacimba? Era maravilhoso. Ainda não tinha a Cagece e a gente bebia a água que o seu Manuel vendia. Seu Manuel era um senhor branco cheio de sardas, ele usava um chapéu de palha enorme, calção bege, botas de borracha preta que iam até o meio da canela (perna). Ele passava duas vezes na semana, numa carroça que carregava um enorme tonel de madeira pintado de verde. Era a carroça da água. O bairro inteiro saía correndo atrás da carroça. Lembro bem da torneira do tonel que eu achava linda e ficava olhando seu Manuel encher as latas de água só para poder apreciar a torneira do tonel. Essa água a gente bebia, cozinhava e lavava o cabelo, a da cacimba era só para fazer a higiene do corpo, da casa e para lavar a roupa. Seu Manuel entrava lá em casa, carregando em cada mão, latas de água que enchiam os potes e o meu coração de alegria. Até hoje não sei por que aquela carroça me alegrava tanto.
Um dia a Cagece chegou, meu pai resolveu aterrar a cacimba e o seu Manuel sumiu com sua carroça de tonel verde. Doeu ver minha cidade imaginária ser soterrada. Chorei tanto, com dó dos moradores, dos bichos. Mas a angústia passou quando vi o chuveiro e a banheira branquinha que meu pai mandou colocar no banheiro. Minha cidade imaginária foi transportada, e o melhor: eu podia fazer parte dela; era só entrar na banheira e construir meu mundo. Passei a sentir calor o tempo todo, a me sentir suja toda hora e tomar banho virou meu passatempo, esporte e hobby preferidos.
Mas voltando para a Adélia Prado, procuro ler seus poemas bem aos pouquinhos, bem devagar, todo dia umzinho. Me emprestaram esse livro e nunca vieram buscar, o que o torna mais desejado; de uma hora para a outra o dono pode aparecer e levá-lo. Quando meus olhos passeiam pelos poemas da Adélia, sinto a mesma alegria quando via a carroça do seu Manuel e o mesmo mistério de olhar para o fundo de uma cacimba nos tempos de infância.
Adélia é gostosa, é “bebível”. É uma cacimba de mistério, uma banheira de prazer, um tonel de palavras; uma poetisa em quem eu estou “constantemente” mergulhando.
Sunday, July 15, 2007
Gotas de Sofia - Protesto
Depois da vaia que o Presidente Lula recebeu na aberturas do Pan, o Rio de Janeiro (pelo menos para mim) não continua lindo. Não consigo entender o que esporte tem a ver com política. Que hora infeliz, meu Deus, para se fazer protesto, e que maneira deselegante de fazer protesto tão inoportuno.
Imagino o que os outros países estão pensando de nós.
O Presidente Lula é uma autoridade, queiram ou não, e deve ser respeitado. Existem momentos que ideologias políticas não podem estar á frente do comportamento humano. Na Europa, quando a população quer demonstrar que não aceita o pensamento ou o comportamento de algum político, simplesmente não o aplaude quando o mesmo se pronuncia. Além de ser elegante e educado, o silêncio pode ainda ser mais forte e falar mais alto que a vaia.
Fiquei com muita vergonha. Vaia é coisa de moleque. Nem mesmo a presença do governo paralelo carioca (o tráfico) conseguiu manchar a imagem do Rio como aquela maldita vaia. Foi desumano, não se humilha um presidente dessa maneira.
Não consigo mais ver o Cristo Redentor de braços abertos. O Cartão-Postal carioca mudou e pra bem pior.
Imagino o que os outros países estão pensando de nós.
O Presidente Lula é uma autoridade, queiram ou não, e deve ser respeitado. Existem momentos que ideologias políticas não podem estar á frente do comportamento humano. Na Europa, quando a população quer demonstrar que não aceita o pensamento ou o comportamento de algum político, simplesmente não o aplaude quando o mesmo se pronuncia. Além de ser elegante e educado, o silêncio pode ainda ser mais forte e falar mais alto que a vaia.
Fiquei com muita vergonha. Vaia é coisa de moleque. Nem mesmo a presença do governo paralelo carioca (o tráfico) conseguiu manchar a imagem do Rio como aquela maldita vaia. Foi desumano, não se humilha um presidente dessa maneira.
Não consigo mais ver o Cristo Redentor de braços abertos. O Cartão-Postal carioca mudou e pra bem pior.
Tuesday, July 10, 2007
Gotas de Sofia - FDS (Fim Da Sabença)
Embaralho-me toda com esse “fds” (final de semana) do Orkut. Todas as vezes que alguém me deseja um fds, tipo: “Passei só pra te desejar um bom fds, Rosane”; sempre leio: “Passei só pra te desejar uma boa f..., Rosane”. Por mais que eu diga a mim mesma que FDS quer dizer FINAL DE SEMANA, sempre me vem isso na mente. Deve ser maldade desse meu cérebro cansado ou muita carência, não sei.
Sei que a Língua Portuguesa tem sofrido no Orkut, tem sido torturada aos poucos, como se nos houvesse feito um grande mal e quiséssemos vê-la morrer aos pouquinhos, bem devagar, numa lenta tortura. Nada satisfeitos com os “erros do nosso português ruim”, o pessoal, pra economizar palavra, tempo, sabe lá, tem transformado nosso idioma num sanduíche sem molho e feito ás pressas. Boa parte dessa culpa nós podemos colocar nas Lan Houses da vida. O lema dessas bodegas virtuais não diz “tempo é dinheiro”, mas “palavra é dinheiro”, pois são através da economia das palavras que se economizam alguns trocados. Que ironia! Quem poderia supor que um dia a Língua Portuguesa fosse sofrer tamanho descaso vindo de milhões de pequenas locadoras. O Orkut é nazista, tratando-se da nossa língua. As Lan Houses são verdadeiros campos de concentração gramatical.
Eu sei que não falo nem escrevo corretamente, tenho plena convicção que agora mesmo, neste exato momento os erros estão aqui pra quem quiser ver, mas pelo amor de Deus, o que fazem no Orkut com nossa língua é um crime; e também quero deixar claro que não tenho NADA contra as Lan Houses; pra quem não tem a menor condição de comprar um PC, essas lojas caíram como uma luva, mas tenho, sim, contra a turma que põe as palavras num pilão gramatical, socam, recalcam, em fim, ESCULHAMBAM com o nosso português; mastigam e corrompem a palavra a tal ponto que o linguajar brasileiro vai ficando cada vez mais pobre, insignificante e destituído de beleza. Que bom seria se a “turma do pilão” lesse Adélia Prado. A mulher parece uma adega de palavras; ela nos coloca nas mãos cada palavra linda que dá vontade de bebê-la e degustá-la como se degusta um bom vinho; sem falar nas que ela inventa. Que pena que o nosso país não goste de ler e mais pena ainda que a corrupção tenha atingido lugares nunca dantes navegados: As palavras.
Sei que a Língua Portuguesa tem sofrido no Orkut, tem sido torturada aos poucos, como se nos houvesse feito um grande mal e quiséssemos vê-la morrer aos pouquinhos, bem devagar, numa lenta tortura. Nada satisfeitos com os “erros do nosso português ruim”, o pessoal, pra economizar palavra, tempo, sabe lá, tem transformado nosso idioma num sanduíche sem molho e feito ás pressas. Boa parte dessa culpa nós podemos colocar nas Lan Houses da vida. O lema dessas bodegas virtuais não diz “tempo é dinheiro”, mas “palavra é dinheiro”, pois são através da economia das palavras que se economizam alguns trocados. Que ironia! Quem poderia supor que um dia a Língua Portuguesa fosse sofrer tamanho descaso vindo de milhões de pequenas locadoras. O Orkut é nazista, tratando-se da nossa língua. As Lan Houses são verdadeiros campos de concentração gramatical.
Eu sei que não falo nem escrevo corretamente, tenho plena convicção que agora mesmo, neste exato momento os erros estão aqui pra quem quiser ver, mas pelo amor de Deus, o que fazem no Orkut com nossa língua é um crime; e também quero deixar claro que não tenho NADA contra as Lan Houses; pra quem não tem a menor condição de comprar um PC, essas lojas caíram como uma luva, mas tenho, sim, contra a turma que põe as palavras num pilão gramatical, socam, recalcam, em fim, ESCULHAMBAM com o nosso português; mastigam e corrompem a palavra a tal ponto que o linguajar brasileiro vai ficando cada vez mais pobre, insignificante e destituído de beleza. Que bom seria se a “turma do pilão” lesse Adélia Prado. A mulher parece uma adega de palavras; ela nos coloca nas mãos cada palavra linda que dá vontade de bebê-la e degustá-la como se degusta um bom vinho; sem falar nas que ela inventa. Que pena que o nosso país não goste de ler e mais pena ainda que a corrupção tenha atingido lugares nunca dantes navegados: As palavras.
Thursday, July 05, 2007
Gotas de Sofia com Manoel de Barros
Há quem receite a palavra ao ponto de osso, oco; ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida, na sarjeta.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro, envergá-las pro chão, corrompê-las até que padeçam de mim e me sujem de branco.
Sonho exercer com elas o ofício de criado: usá-las como quem usa brincos.
Gotas de Sofia com Cora Coralina
Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede.
Subscribe to:
Posts (Atom)