Tuesday, July 13, 2010

De deus á Bichinho de Estimação


A passagem de Mateus 15:21-28 nos conta o momento mais importante da vida da mulher mais atrevida do Novo Testamento. Diz o texto que ela era cananéia, ou seja, era descendente dos cananeus e ainda por cima era mulher. Em Israel, mulher já não era grande coisa, imagine mulher pagã...Ela e lixo eram a mesma coisa, não tinham valor nenhum. Podemos dizer (usando a linguagem nordestina) que aquela mulher era metida, enxerida, cara-de-pau, atrevida.

Baseados em interpretações intimistas do Velho Testamento, os israelitas acreditavam que O Messias viria para salvar somente o povo de Israel, não o povinho pagão. Naqueles tempos, a visão que os israelitas tinham de superioridade não é a que temos hoje. Para eles, povo superior não era povo rico, poderoso, culto, valente, cheio de grana e armas, mas sim, povo escolhido e protegido pelo Único Deus existente, e esse povo eram eles. Por mais poder que os romanos ou qualquer outro povo tivesse, para eles não passavam de gentinha ignorante, não importava a cultura que tivessem. E veja só, a tal mulher era descendente desses povos pagãos que circunvizinhavam Israel.

Ela soube que Jesus estava pelas redondezas, o que era absolutamente inesperado. O último homem de Deus a colocar o pé em Sidon, a terra da rainha Jezabel, foi Elias, quando multiplicou a farinha e o azeite da viúva de Sarepta, e agora, 800 anos depois, Jesus estava lá. Fazendo o quê? Afinal, lá só tinha cananeus, sidonitas, assírios, só gente com a qual Jesus não podia se misturar.

Ela viu que aquela era a oportunidade, talvez a única oportunidade para por um fim no grande e irresolvível sofrimento pelo qual passava: sua filha estava MISERAVELMENTE endemoninhada.

A palavra endemoninhada em si já é terrível. Estar endemoninhado é tornar-se “ninho de demônios”; agora imagine um ser humano estar MISERAVELMENTE endemoninhado. Podemos imaginar as coisas terríveis que deviam estar acontecendo dentro da casa da pobre mulher. Era grande o seu desespero. Tenho certeza que a pobre cananéia já devia ter tentado de tudo, sem nada conseguir.

O profeta Elias, quando esteve em Sidon 800 anos antes de Jesus, encontrou uma mulher viúva morrendo de fome com seu único filho, e ele, a mandado de Deus, salvou a vida daquela mulher, morou com aquela mulher, protegeu aquela mulher. Elias era um cara rude, grosseiro, muitas vezes sem educação, radical, implacável; Elias era adepto da frase “para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei”; ele num alisava, não. Deus mandou Elias ir até lá salvar a viúva e ele foi, tinha que ir, senão morria de fome e sede. O profeta rude e espiritualmente arrogante aceitou conviver com uma mulher idólatra, pagã e conterrânea da rainha Jezabel, o “calo” do seu sapato, o motivo de cada cabelo branco seu. Mas ele foi e humildemente tratou a viúva com carinho, também pudera, depois de ser alimentado por um pássaro impuro com carne e pão, morar com uma mulher pagã era fichinha. O profeta bateu na porta da mulher e o problema foi resolvido.

Mas a situação 800 anos depois era diferente. Jesus era conhecido em todo o Israel pela sua misericórdia, pela cordialidade com que tratava as pessoas, pela Sua humildade, pelo carinho e respeito com que tratava as mulheres, e de repente, uma mãe aflitíssima, desesperada, angustiada ao extremo, desesperadamente precisando da Sua ajuda, corre ao seu encontro e implora a Ele que cure sua filha que está MISERAVELMENTE endemoninhada. E a reação de Jesus dá um susto tremendo em quem está lendo a passagem pela primeira vez. Entendemos de imediato que Jesus humilha a mulher cananéia, dizendo não ser justo tirar o pão da boca dos filhos e dar aos cachorros. Que horror! Será que Mateus não se enganou? Será que foi assim mesmo? Este é Jesus?

Naqueles tempos, o cachorro era um animal sagrado para os sírios, egípcios e muitos outros povos da época, assim como o rato, hoje em dia, é um animal sagrado para os indianos. Os indianos deixam de dar leite ás crianças para dar aos ratos; os povos pagãos que eram vizinhos de Israel faziam o mesmo, deixavam de alimentar os filhos para alimentarem os cães, pois viam nos cães a presença do seu deus. Baal, a divindade fenícia, tinha cabeça de cachorro. Não foi á toa que Deus fez com que os cachorros comessem o corpo da rainha Jezabel, a rainha que adorava o deus com cabeça de cachorro e perseguia os profetas do Senhor. Simbolicamente ela foi devorada pelo seu próprio deus.

Ao dizer a frase, Jesus faz com que aquela mulher perceba de onde vem o sofrimento da sua filha e o seu. O sofrimento humano geralmente é resultado das várias formas de idolatria. O mercado idolátrico é criativo, abundante, mas astutamente sutil. Existe idolatria de todas as formas, pra todos os gostos, cheiros, sabores, e em minha opinião, o grande interessado em idolatria é marketeiro astuto, pois vende um produto dizendo que ele não existe. Você já viu isso em algum lugar? Ninguém assume ou percebe que é idólatra.

Jesus constrói uma metáfora com o próprio costume do povo a qual mulher pertencia e ela entende de imediato, quem não entende somos nós, interpretamos que Jesus a humilhou. Inteligentemente, ela compreende que não estava diante de um curandeiro, de mais um profeta israelita, mas sim, diante do Filho do Deus Verdadeiro, O Único que tinha autoridade sobre os demônios, sobre o mal, sobre o sofrimento. Ali, naquele momento, ela corta todo o vínculo com sua cultura, sua religião e se entrega a Pessoa de Jesus.

Ela mesma coloca a figura do cachorro no seu devido lugar, quando afirma a Jesus que os cachorros comem das migalhas que caem da mesa de seus senhores. O cachorro não é mais a divindade, a partir daquele dia, ele será apenas um bichinho de estimação, porém, o seu Deus será Jesus Cristo. Ela poderia ter dado mil desculpas a Jesus, mas ela concorda com Ele e se humilha, dizendo que apenas uma só migalha vinda Dele seria o suficiente para resolver todo o seu problema.

Entendemos então que Jesus foi até Sidon somente para conquistar aquela mulher para Deus; para quebrar seus paradigmas religiosos. Elias multiplicou a farinha e o azeite da viúva; Jesus deu aquela mulher a Vida Eterna. Comparo a mulher cananéia com muita gente que necessita aproximar-se de Deus e quebrar paradigmas, porém, as denominações evangélicas dizem que essas pessoas não são dignas de adorar ao Senhor Jesus. Os discípulos que ouviam o clamor da pobre cananéia acharam muita pretensão daquela criatura querer falar com O Mestre e pedem que Ele não dê atenção, mas a história dá uma guinada inesperada. A cultura israelita, as interpretações intimistas descem pelo ralo e Jesus salva a pobre mãe aflita e ainda cura sua filha. Jesus tem estado em lugares onde ninguém poderia imaginar que Ele pudesse estar. O Senhor tem apriscos que só aqueles que enxergam com os olhos espirituais podem ver.

Rosane de Castro,

Julho/2010

Saturday, July 03, 2010

Jonas, O Letárgico


O Senhor chama Jonas e diz: “Desperta! Vai até a grande cidade de Nínive, clama contra ela, porque a sua iniqüidade subiu até mim!”. A primeira coisa que percebemos aqui é a soberania de Deus.

Nínive, capital da Assíria, era uma cidade de muita cultura, muito dinheiro e poder, na época de Jonas, Nínive havia iniciado um sistema de governo expansionista, ou seja, tinha como meta política tomar as terras de Israel e Judá. Além disso, era idólatra, não tendo nada haver com o Deus de Israel, quer dizer, eles pensavam que não tinham, mas Deus havia decretado uma ação de juízo contra Nínive. Tudo pertence a Deus, mesmo que nós não saibamos ou não creiamos.

Todos os profetas israelitas, além de serem completamente apaixonados pela pátria, eram homens que não suportavam injustiças sociais e Nínive era famosa por tais práticas. Os ninivitas se aproveitavam de seu poderio e viviam de oprimir os povos mais fracos. A palavra Nínive quer dizer “Bela”, mas Nínive era conhecida como “a cidade dos ladrões” porque seus guerreiros tinham fama de saquear as cidades as quais oprimiam; quando conquistavam uma cidade, o modo como tratavam os inimigos era de uma barbaridade e crueldade sem limites. Os ninivitas também eram conhecidos pela arte da tortura. Para eles a tortura era cultura refinada, a qual eles tratavam de aperfeiçoar. Torturar para eles era como compor música ou pintar uma tela.

Por tudo isso, o profeta Jonas tinha verdadeiro pavor à Nínive, tanto por sua injustiça quanto por sua demasiada crueldade. Ele não obedece a ordem de Deus. Irritadíssimo, desce para Jope, cidade portuária, toma um navio cargueiro que está de saída para Társis, cidade que ficava do outro lado do Mediterrâneo e se manda. Os arqueólogos têm quase como certo que Társis foi uma cidade espanhola, hoje chamada Tartessus. Se for, Társis era uma cidade turística, famosa por suas águas termais, portanto um lugar ideal para se descansar. Mas Deus não estava interessado no descanso de Jonas. Deus tinha um plano.

Jonas tinha ojeriza do poder, da soberba e da idolatria dos ninivitas, porém, Deus não estava preocupado com as ideologias políticas, sociais e religiosas de Jonas. Será que o profeta não havia percebido que Israel tornara-se tão idólatra quanto os ninivitas?

O texto nos traz um detalhe rico. O autor diz que Jonas “desceu” para Jope. Vemos nessa palavra o início da descida espiritual de Jonas; e o autor também diz que ele quando entrou no navio que ia para Társis, “desceu” ao porão para fugir da presença do Senhor. Será que Jonas desconhecia o Salmo 139? Será que não sabia que não adiantava fugir da presença de Deus?

Quando desobedeceu ao Senhor, Jonas começou a descer cada vez mais fundo. Isso se dá conosco também quando fazemos a mesma coisa. Sempre que desobedecemos a Deus ou saímos da Sua presença, nossa vida, nosso caráter, desce.

Pois bem, Jonas desce ao porão e vai dormir. Deus, então, envia uma tempestade daquelas de fazer o mais experiente marinheiro tremer nas bases. Deus envia essa tempestade para acordar Jonas da sua letargia espiritual. Jonas não dormia apenas fisicamente, o profeta estava espiritualmente apático, desanimado. Deveria perguntar-se porque Israel sofria tanta injustiça social, se era a nação escolhida de Deus? E aquele chamado para pregar o arrependimento ao inimigo foi a gota d’água para fazer com que Jonas desistisse de tudo.

Veio uma tempestade violenta e Jonas num sono profundo; o mundo se acabando e Jonas nem confiança. Foi preciso o capitão acordá-lo e chamá-lo de preguiçoso.

Quando percebe a gravidade da tempestade, Jonas se toca e fala para os marinheiros que ele é a causa de tudo aquilo, mas não clama a Deus, não volta atrás, não se arrepende de sua desobediência e o que vem a seguir é simplesmente inaceitável para Deus: Jonas pede aos marinheiros que o joguem no mar. Ora veja só, Jonas prefere morrer a voltar atrás, prefere se apegar às suas convicções a ter uma atitude de humildade diante do Senhor.

Antes, decidiu fugir da presença do Senhor indo para o lado oposto do caminho que Deus lhe traçou; agora tentava fugir de Deus através da morte. Que insensato! Que criatura mais sem inteligência, esse Jonas. Que atitude absurda.

Jonas decide morrer porque enxergou naquela tempestade um castigo de Deus, porém, não teve sensibilidade e compreender que a tempestade era um grito desesperado de Deus para que ele “acordasse” da sua indiferença. Deus não suporta indiferença. Não era de Seu interesse castigar Jonas e, sim, trazê-lo de volta.

Para salvar a vida de Jonas, não só a espiritual, mas também a física, Deus envia um grande peixe para engolir Jonas. O Senhor não tinha nenhuma intenção em levar Jonas para o céu, Ele tinha intenção de levar Jonas para Nínive e providenciou um transporte rápido e eficaz.

No interior dos peixes existe ar. Por isso eles vivem sob as águas, porque tem oxigênio dentro de si. E por isso Jonas pode respirar. O profeta passa três dias no ventre do peixe. Quando se viu em meio a um acontecimento absolutamente imprevisível, onde sua vontade foi posta de lado de forma radical, Jonas “acordou”.

Deus escolheu um local muito curioso para despertar Jonas, que até então continuava letárgico. No ventre do peixe, Jonas nem morria, nem ficava livre para fazer o que quisesse; o ventre do peixe era um lugar aonde nem a vontade dele (ir para Társis) e nem a vontade de Deus (levá-lo a Nínive) podia ser realizada, era um lugar neutro. Mas, curiosamente, foi o lugar onde Jonas despertou, e num ato de desespero e fé, clama ao Senhor. Entrega os pontos, acorda da sua letargia espiritual; se toca que Deus é soberano e não há para onde fugir. Deus faz o peixe vomitá-lo. Que bom para Jonas! Antes ser vomitado por um peixe do que por Deus.

E Deus, como se não tivesse acontecido nada, o chama outra vez para ir á Nínive, e dessa vez Jonas vai. Quando chega a Nínive ele prega e os ninivitas se convertem, aceitam a mensagem, fazem um jejum nacional e Deus se compadece deles.

O que acontece em seguida nos mostra que no ventre do peixe o grito de Jonas foi de desespero, mas não de quebrantamento. Jonas fica furioso com a conversão dos ninivitas. Ele não admite que o inimigo seja abençoado. Qual a reação dele? Pede para morrer. Quer fugir do seu caráter falho de forma radical: Com a morte. Jonas havia apenas se “conformado” com a vontade de Deus, não conseguia regozijar-se com ela, mesmo tendo passado pelo que passou. Era “o jeito” obedecer, afinal aquele Deus era soberano, não adiantava lutar contra Ele.Jonas era profundamente egoísta. “Aquela” pessoa, não!

Depois de entregar o recado, Jonas sai da cidade, se recusa a fazer discipulado com os novos convertidos e sobe num monte para observar a cidade, talvez na esperança que os ninivitas se ferrassem. Constrói uma tenda para servir de observatório e para lhe proteger do sol, mas o calor foi mais forte e a tenda de Jonas não adiantou nada. Deus, mais uma vez vem em seu socorro e faz crescer uma planta para que ele tenha sombra de verdade e para, pacientemente, lhe dar mais uma lição, menos radical, mas que não deixa de ser uma lição.

Jonas põe o mau humor de lado e fica todo feliz com a planta. Agora tem sombra e água fresca. Por que não dormir um pouco? Por que não um novo estilo de letargia? Uma nova forma de indiferença? Mas Deus vem outra vez salvar Jonas dele mesmo e envia, não um animal gigante, aterrorizador, mas um minúsculo e faminto inseto que faz da cabana natural de Jonas sua refeição e associa-se a uma rajada de vento quente, pondo ponto final na vidinha medíocre do profeta. Jonas, muito indignado e furioso, faz o quê? Pede a morte. Fica com peninha da plantinha e pede a morte. O livro termina com Deus, mais uma vez, mostrando a Jonas que se ele se compadece de uma planta a ponto de querer morrer, porque Ele, Deus, não pode se compadecer de seres humanos, espiritualmente ignorantes, apesar de todo o poder e cultura?

O autor não narra qual a reação de Jonas. O texto termina no argumento de Deus e não sabemos o que aconteceu depois. Acho que o autor fez de propósito, não permitiu que nós tivéssemos acesso ao final porque essa história continua em nós. Esse relacionamento conflituoso entre Deus e Jonas está em cada um de nós. Deus nos ama assim mesmo; O senhor nos quer para Ele, e quer nos ensinar Seu amor incondicional para nós, mesmo que precise gerar grandes tempestades, mesmo que seja necessário nos colocar no ventre de peixes.

No Novo Testamento temos Jesus. Há muita coisa em comum na história de Jonas e de Jesus e ao mesmo tempo muitas diferenças. Jonas dormiu em um navio porque estava cansado espiritualmente; Jesus dormiu em um barco porque tinha cansaço físico; Jonas foi enviado a Nínive e desobedeceu; Jesus foi enviado a este planeta e obedeceu até o último dia; Jonas, por causa de sua desobediência, foi colocado no ventre de um peixe, lá passou três dias e três noites, pediu pela sua própria vida, foi liberto e uma cidade inteira foi salva; Jesus, obediente, passou três dias e três noites no ventre da morte lutando por nós, ressuscitou e a humanidade inteira, por causa disso, tem acesso à salvação. Jonas ficou irado com a salvação de Nínive; Jesus ainda hoje faz festa no céu cada vez que um pecador se arrepende.

Rosane de Castro

Junho/2010


Monday, June 21, 2010

orkut - meu orkut

orkut - meu orkut: "– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"

O SEMEADOR (Mt 13)


Diz a parábola de Jesus que um semeador saiu a semear.
Curioso perceber que este semeador da parábola de Jesus não era o tipo que preparava a terra antes de jogar a semente. Para quem conhece um pouco de agricultura, é sabedor que primeiro prepara-se a terra para, então, jogar a semente, o que não foi o caso do personagem da parábola, que simplesmente saiu jogando semente para tudo quanto era lado.
Temos no Evangelho uma parábola muito estranha. Nenhum semeador em sua sã consciência (principalmente um israelita) sairia por aí desperdiçando sementes, principalmente em Israel, onde semente se igualava a pepita de ouro. Por isso os discípulos perguntaram espantados: “Que parábola é esta?”. Que negócio é este, afinal?
O semeador iniciou sua jornada de semeadura jogando as primeiras sementes em lugares improváveis, lugares que não foram feitos para receber plantio, mas ele não quis nem saber. Temos um semeador irresponsável no texto bíblico? A primeira “jogada” nos dá a impressão que ele errou o alvo, pois as sementes caíram bem na beira do caminho, então vieram os pássaros e as comeram. Depois ele jogou mais uma vez e elas caíram entre as pedras e tornaram-se vítimas do sol; outra tentativa e elas caíram entre os espinhos que as mataram asfixiadas. Somente na última tentativa foi que elas caíram em terra fértil.
Os discípulos não conseguiram entender absolutamente nada, pois era notório que a parábola não estava apenas escondida nos mistérios divinos que só o Espírito de Deus pode revelar ao homem, mas ela também estava envolvida numa áurea de surrealismo digna de Yonesco, o pai do teatro do absurdo. Acho eu que Jesus se viu obrigado a desvendar o mistério. O Mestre deve ter entendido que daquela vez exagerou e tratou de despir a parábola para os seus aturdidos discípulos.
Quando lemos a explicação de Jesus sobre o real sentido da parábola é confortante e tranqüilizador saber que Deus não é como nós, aliás, é simplesmente maravilhoso entender que Deus não é feito a nossa imagem e semelhança. Que bom! Sabendo disso, podemos dormir tranqüilos.
Deus não se importa se no terreno há pedras, espinhos, cardos, lama, etc. O que Ele quer é semear sua Palavra. Deus é cheio de esperança e a parábola do semeador é uma amostra disso. Ele sabe que em muitos corações a Palavra não irá vingar, mas Ele tenta, Ele semeia, Ele planta. Quem sabe?

Roberto Diamanso - Coelet

Sunday, June 20, 2010

Mais Que Vencedores

Estamos em dias de Copa do Mundo. Andamos na rua e vemos a euforia estampada no rosto das pessoas. As ruas estão enfeitadas de verde-amarelo. Há uma expectativa no ar. Você sente que existe uma espécie de oração silenciosa e coletiva, a qual essas pessoas chamam de “torcer”. Todos desejam e anseiam pela vitória do Brasil. São 90 minutos de ansiedade, nervosismo; onde uma nação inteira pára para ver uma partida de futebol. Lojas fecham, escolas fecham, bancos fecham; nada funciona.
Esse sentimento de euforia é muito comum no ser humano, foi Deus quem nos deu. Quando damos importância a algo, nosso coração dispara ao vermos que aquilo que nos importa pode ser realizado. Essa foi a forma que O Senhor nos dotou para que possamos lutar por um objetivo e todo ser humano tem um objetivo na vida: Ser vitorioso. Vivemos um jogo constante.
Façamos uma metáfora e digamos que dentro de cada um de nós existe um campo de futebol e que nesse campo acontece o jogo mais difícil e mais importante da nossa vida. Jogo esse que desencadeia ansiedade, nervosismo, etc., e que a vitória de um influenciará no destino do outro. Dentro de nós há duas seleções; dois técnicos; um árbitro, um juiz que julga e decide.
De um lado temos a seleção da nossa natureza caída, pecadora, descendente de Adão. Do outro, temos a seleção da nova criatura que somos em Cristo Jesus, o novo coração, a nova visão de vida. Então o jogo é: Velho Homem X Nova Criatura. Posso garantir que esse jogo é mais importante que Brasil X Argentina na decisão da Copa do Mundo.
A seleção adversária (velho homem) sabe jogar. É time experiente, está em campo há anos e é constituído praticamente de atacantes. Seus jogadores sabem driblar muito bem; jogam sujo, são violentos, rápidos e inteligentes. O técnico do Velho Homem chama-se Ego e não é como o Dunga; o seu preparador físico é a Tentação. O Ego convoca os melhores jogadores e sabe onde posicioná-los. Jogadores como Egoísmo, Luxúria, Inveja, Mentira, Hipocrisia, Infidelidade, Idolatria, etc., estão em campo e são preparadíssimos para o jogo das nossas vidas. O cartola desse time é Satanás. Todas as vezes que o Velho Homem ganha uma Copa, Satanás enriquece.
Do outro lado temos a seleção do Nova Criatura. É um time todo especial. Joga na defensiva, mas o técnico o treina também para o ataque. Os jogadores não são muito bons de ataque, mas quando obedecem as ordens do técnico e atacam, a seleção do Velho Homem treme nas bases e não pode resistir.
O curioso nessa seleção é seu Técnico, chamado Espírito Santo. Ele poderia trabalhar com jogadores experientes, mas Ele não se importa com isso; Ele só quer que os jogadores obedeçam as suas ordens; isso porque o Ego, o técnico do outro time, tenta influenciar os jogadores do Nova Criatura a entregarem o jogo; tenta fazê-los acreditar que estão contundidos, que não vale a pena jogar e ainda dá ordem aos jogadores do Velho Homem a tocar nos lugares frágeis dos jogadores do Nova Criatura.
Jogadores como Misericórdia, Amor (camisa 10), Benignidade, Fidelidade, Autocontrole, Espiritualidade, muitas vezes acham que jogar é perda de tempo, mas não é. O Técnico é mais experiente que o Velho Homem; mais Sábio que o Ego, mais poderoso que o cartola do time adversário. O Cartola do Nova Criatura é Jesus, O Criador do Universo. Ele garante que somos MAIS que vencedores. Quando a seleção do Nova Criatura ganha, quem enriquece somos nós, pois O Cartola do NC já é riquíssimo; a Ele pertence o ouro e a prata, e na mão Dele está TODO o poder que há nos céus e na terra.
O árbitro desse jogo chama-se Livre-arbítrio e é ele quem dirige o jogo. O Livre-arbítrio precisa saber que os jogadores do Velho Homem não jogam honestamente, cometem faltas o tempo inteiro e precisam, um a um, serem expulsos do campo. O problema é que o Livre-arbítrio faz vista grossa pra esses erros e prejudica o Nova Criatura.
O que precisamos fazer é abrir os olhos do Livre-arbítrio e colocá-lo nas mãos de Deus. O Técnico e O Cartola garantem que o Velho Homem é um time fraco (Mt 26:36); que existe uma grande torcida para que ganhemos essa Copa (Hb 12:1). Todas as pessoas que sofreram pelo Evangelho, sofreram para que nós pudéssemos ganhar esse jogo, e O Maior dos sofredores foi o próprio Cartola da seleção, que Se ofereceu para morrer em nosso lugar. Ele traz nas mãos o troféu: Estar eternamente na presença do Pai.

Idiotas

A corrida para a presidência teve início. Não é do meu interesse falar sobre política, mesmo porque não entendo muito do assunto, sou um tanto idiota. Idiota era o adjetivo dado pelos antigos gregos às pessoas que não queriam saber de política. Tenho cá pra mim que se esses mesmos antigos gregos voltassem no tempo e pudessem dar uma passeada por este Brasil de meu Deus, fariam questão de ser tão idiotas quanto eu. Gostar ou se interessar por política nesse país é um tanto desanimador quando se sabe que fazer política por aqui requer lançar mão de uma das mais terríveis facetas humanas: A astúcia. Astúcia é a capacidade de tecer planos inteligentes em proveito próprio sem importar com o outro. Astúcia é a mistura da inteligência com a maldade que resulta num ser perigoso. Para se ter uma idéia, apenas dois seres foram chamados de astutos em toda a Bíblia: O diabo e a serpente usada por ele no jardim do Éden.
Querendo ganhar o voto do casal que habitava o Paraíso, o diabo teve que ser astuto, usar uma aparência que não era a sua e mentir, pois caso a dupla de eleitores soubesse as reais intenções do candidato, não teria aceitado seu discurso e o mundo não estaria como está hoje.
Por esta razão sou idiota sem nenhuma vergonha. O Gênesis não é tão antigo assim, ele ainda se faz real; de quatro em quatro anos a triste história do Paraíso repete-se mídia e palanques afora. Portanto, salve-se quem puder!

Monday, March 15, 2010

Fortaleza e Pompéia


Qual a semelhança entre Fortaleza e Pompéia? Vejamos: as duas são cidades litorâneas; banhadas pelo Oceano Atlântico; turísticas; e o mais semelhante: as duas têm vulcões e foram invadidas pelo calor sufocante. Para quem não sabe, Pompéia foi uma cidade antiga do Império Romano, perto de Nápoles, Itália, tragada pelas lavas do Vesúvio, que entrou em erupção no dia 24 de agosto, em 79 d.C.

Em Pompéia o Vesúvio "acordou" depois de centenas de anos. O fogo "hibernoso" despertou e derreteu tudo que estava à sua frente. Não respeitou ninguém. Homens, mulheres, crianças e animais foram literalmente queimados vivos. Hoje, a cidade é um museu a céu aberto, graças ás cinzas que tudo cobriu, e como sal em carne de charque, preservou centenas de corpos que ainda se encontram petrificados, na mesma posição em que morreram. Tal visão tornou-se deleite para turistas, que pagam 8 dólares para visitar as ruínas da cidade.

O leitor pode estar se perguntando onde está o vulcão de Fortaleza e eu respondo ao caro leitor que Fortaleza tem não somente um, mas vários vulcões.
Dia desses fui á praia comer, naquela parte onde se compra o peixe e paga a fritura, bem em frente à sorveteria 50 Sabores. Enquanto esperava o peixe observei o movimento do lugar e foi lá que avistei os tais vulcões. Aqui na terrinha banhada de sol (e que sol) não tem nenhum Vesúvio, é verdade, mas tem vulcão, sim, soltando lavas, em erupção o tempo inteiro e que vem de longe. Trata-se dos turistas que ficam à cata de mulheres (por que não dizer meninas?) e que permeiam as praias de Fortaleza. São homens das mais diferentes idades, dos mais diferentes cantos da Europa, ávidos por sexo, sedentos de sacanagem e que encontraram em Fortaleza um povo que não vê, não escuta, não protesta e não se importa com a prostituição de suas adolescentes. A prostituição nas praias de Fortaleza é de dar dó, raiva e vergonha. Percebe-se logo tratar-se de meninas pobres (muito pobres), sem educação, sem escolaridade, sem expectativa de futuro, enfim, "sem eira nem beira". Magrinhas, franzinas, literalmente "despeitadas", porque muitas nem peito têm. Ficam pra lá e pra cá, esperando serem notadas por algum gringo bonitão, alto, louro que, além de euro e dólares, tem ilusão pra oferecer.
Elas fazem o que eles querem e ordenam. São senhores absolutos; são vulcões em erupção, invadindo com suas lavas "sacânicas" (ou satânicas) não só a cidade, mas a vida dessas pobres e iludidas criaturas. Essas meninas com seus corpos petrificados pela injustiça social são o deleite desses
vickings sem alma.

Fortaleza está internacionalmente conhecida como "a cidade da sacangem". Que preço temos que pagar por um punhado de dólares!

Rosane de Castro

Wednesday, November 26, 2008

Talentos Desperdiçados

Acabei de ler na Bíblia a parábola onde Jesus nos adverte a não enterrarmos os talentos que Deus nos deu. Na parábola, o homem que escondeu na terra seu talento se deu mal diante do seu senhor, enquanto o que duplicou o seu, ganhou novas habilidades.

Existe aqui em Fortaleza um grupo de pessoas que visita, uma vez por mês, lugares muito pobres no interior do estado. Levam comida, roupas, remédios e Jesus.

Vi algumas fotos do trabalho desse grupo e fiquei horrorizada com tanta miséria. Fiquei sabendo que a maioria das crianças que vivem em lugares ermos do interior, se alimenta de mingau de farinha para enganar a fome. Vi fotos de crianças mais que subnutridas, verdadeiros esqueletos ambulantes. Nem sei por que ainda vivem e tão pouco tenho coragem de dizer que é pela misericórdia de Deus, pois para viver desta maneira seria melhor mesmo nem ter nascido.

Criança que vive com fome não tem condição de desenvolver talento nenhum. Não tem talento nem para enterrar, imagine para duplicar. Fico imaginando quantos médicos, arquitetos, engenheiros, escritores, artistas plásticos, etc., se perdem devido à subnutrição, à falta de oportunidade tirada dessas crianças que poderiam desenvolver seus talentos e duplicá-los em prol de suas comunidades. Quantas habilidades são enterradas no sertão do Nordeste devido à ganância de poucos. Quanta inteligência desperdiçada.

Pergunto-me se os talentos a que Jesus se refere são talentos meramente humanos e chego à conclusão que não. Jesus refere-se a talentos espirituais e um deles é o de melhorar a vida desses pequeninos. As pessoas que formam esse grupo, por exemplo, receberam o talento de ajudar pessoas desafortunadas, que vivem famintas não só de comida (pois nem só de pão vive o homem), mas também de saber que existe alguém que se importa. Imagine o bálsamo que é para o coração e para o estômago dessas crianças quando grupos como esse se faz presente. Não tenho filhos, portanto sou desprovida de autoridade e experiência para falar sobre a dor de uma mãe ao ver seu pequeno chorar de fome e não ter nada para oferecer, mas posso imaginar o inferno que deve ser.

Talento Espiritual difere do talento humano. O talento espiritual existe para que o talento humano seja desenvolvido. O humano é para nosso bel prazer, um dia passa; o espiritual sempre envolve a vida de alguém e é justamente dele que vamos prestar conta um dia, porque todos nós nascemos com algum. Se não desenvolvermos os talentos espirituais que Deus nos deu e só pensarmos em desenvolvermos o humano, o resultado será sempre crianças com fome, miséria e doenças.

“Venha a nós o Vosso reino”, assim orou Jesus ao Pai. Não o imitamos. A nossa indiferença é uma oração silenciosa que pede: “Venha a mim o MEU reino, seja feita a MINHA vontade...”. E haja mingau de farinha.
Que Deus tenha misericórdia de nós!    

Monday, November 24, 2008

O Barulho e o Sapo










Passei um final de semana na pousada Vale dos Ventos, na Serra de Maranguape; um lugar muito bonito, com muito verde e cheinho de pássaros e pavões. Cheguei à noite, e depois de comer uma deliciosa salada de verduras, achei que cairia num sono profundo e que ouviria apenas o soprar do vento nas folhas das árvores, mas qual o quê. Quando deitei, banho tomado, corpo relaxado, barriga cheia, começou o barulho da “insetaria”, como chama a Adélia Prado (achei essa palavra fantástica). Era um barulho de entorpecer os tímpanos. Parecia um trânsito louco de insetos, uma farra dos pequenos seres, um som ensurdecedor. Eu pensei: “Meu Deus, deve ser entrada de Ano Novo ou Carnaval na mata!” Pois sim.

Bem cedinho da manhã, clareando o dia, os pássaros (centenas), galos e pavões não deixaram por menos, não quiseram ficar por baixo e haja cantoria. Adeus sono! Tinha um canto esquisito, estranho, apesar de bonito, que eu nunca havia ouvido na vida, um grito fino, muito fino, como se fosse o Tarzan gritando “gooooool”. De arrepiar. Pela madrugada, lá pelas tantas, quando meus ouvidos se adequaram ás vozes da insetaria, veio o barulho dos meus pensamentos na “calada” da noite. Eles faziam zoada igual aos insetos, ou pior, já que pensamentos trazem emoções que fazem barulho no coração e que doem nos tímpanos da alma.

Meditando esses sons, cheguei á conclusão que não existe silêncio nenhum nesse mundo, cada lugar tem o seu barulho.

Filosofando intimamente, levantei pra ir ao banheiro. Sonolenta, liguei a luz e sentei no sanitário. Dei uma olhadinha de lado, aquele olhar aleatório e, bem no cantinho da parede, debaixo do chuveiro, quieto e silencioso, estava um sapo, um cururu enoooorme. Cururu não precisa fazer barulho, né? O visual dele, em si já é uma orquestra assustadora. Bem, eu já estava sentada, fazendo meu xixizinho básico da madrugada, quando vi o dito cujo, com aqueles olhões me paquerando. Fiz um movimento brusco e ele se esquivou humildemente, se enfiando mais no canto da parede. Entendi que ele e eu estávamos com medo um do outro, então pensei que ele poderia vir pra cima de mim numa atitude de autodefesa; aí tratei de ter um diálogo: “Olha, colega, eu sei que você está com medo de mim e eu de você, portanto, vou sair bem devagar. Num se preocupa, não, viu? Sou do bem, amo os animais, essa invenção maravilhosa de Deus, principalmente os sapos!” Ele continuou me olhando e eu continuei sem coragem de levantar. De repente, o medo foi passando e o aspecto do sapo foi mudando aos meus olhos. Ele me pareceu tão frágil, tão indefeso e tão bonito que tive vontade de tocá-lo. Continuava quieto e acho que o meu aspecto também deve ter mudado aos seus olhos, deve ter me achado frágil, indefesa, até bonita e também deve ter tido vontade de me tocar. Perdeu o medo dos humanos e eu perdi o medo dos sapos.

Entre pessoas acontece o mesmo. Julgamos uns aos outros, elaboramos opiniões pré-conceituosas, reparamos nos “aspectos”, até o dia em que nos deixamos aproximar e descobrimos que aquela pessoa não é horrenda e nem feia como pensávamos; muito pelo contrário, descobrimos que é um ser humano frágil, muitas vezes indefeso e de uma beleza interior surpreendente.

Saí do banheiro na maior tranqüilidade, rindo para o meu mais novo amigo. Voltei pra cama feliz, certa de que agora conseguiria dormir, mas qual o quê. Quando estava fechando os olhos para adentrar no mundo dos sonhos, ouvi um grito estridente e apavorante. Era o grito de uma amiga que entrara no banheiro pra fazer o xixizinho básico e sagrado da madrugada, e que, sentada no sanitário, sonolenta, resolveu dar aquele olhar aleatório para o canto da parede. 

Friday, October 24, 2008

Saga no Iguatemi


Minha amiga Íris convidou-me para ir ao cinema. Pra mim foi um pequeno milagre, não pelo fato do convite em si, mas porque sou o tipo que não teve a sorte de ter amigos cinéfilos. É mais fácil eu ter amigo pedófilo do que amigo cinéfilo. Não tem UM sequer que faça empenho de freqüentar uma sala de cinema comigo, mesmo que seja só uma vez por mês; aí me aparece a Íris, descida do céu (não caída, por favor, é diferente), vinda na hora certa, chegada na hora exata.

Marcamos no domingo. Geralmente, os domingos eu tiro para ir à igreja, mas o convite de ir ao cinema foi uma tentação que não pude resistir, então pedi perdão a Deus e disse SIM pra Íris.

Tocamos pro Iguatemi, meio atrasadas. Digo "meio atrasadas" para não cometer a burrice de arriscar que minha amiga, caso leia esse texto, fique chateada comigo e eu perca a tão desejada, esperada e única companheira de cinema, porque a pontualidade na vida da minha amiga (usando o linguajar cinematográfico), é pura ficção. Mas tudo bem! Vale tudo para se ganhar um deleite e temos que amar as pessoas como elas são (rsrsrs).

Pois bem, chegamos ao Iguatemi e fomos estacionar o carro. Entramos no estacionamento coberto e não tinha vaga, é claro. Noventa por cento da população fortalezense e talvez do interior do estado, tinha decidido ir ao Iguatemi naquela tarde. Ficamos literalmente rodando atrás de uma vaguinha e depois ficamos MAIS TEMPO ainda rodando atrás da saída do maldito estacionamento. Resolvemos reconhecer nossa arrogância, decidimos mutuamente darmos a mão à palmatória, usar nosso resquício de humildade e finalmente perguntamos ao "guardador de carros" onde era a saída. Ele riu ironicamente, aquele sorriso de vencedor (acho que passamos por ele um monte de vezes) e apontou a saída bem em cima de nós. Uma sensação de alívio me invadiu repentinamente quando botei a cabeça pra fora da janela do carro e fiz questão de sorver com os olhos o céu azul que despontava acima das nossas duras cabeças. Colocamos o carro no estacionamento a céu aberto. Tratando-se da dupla, era mais seguro, e caminhamos rumo ao cinema.   

Para estrear nossa cumplicidade cinéfila, escolhemos “O Procurado”, com Angelina Jolie e não sei quem mais. Escolhemos este porque somos duas fãs de carteirinha do Brad Pitt, e como não havia NADA com ele em cartaz, resolvemos homenageá-lo prestigiando o mais novo filme, cujo sua linda esposa está como protagonista, por isso não temos a menor idéia de quem eram os atores que estavam no filme nem o nome do diretor, o que é uma vergonha para qualquer cinéfilo que se preze. Mas ponhamos essas falhas á parte e vamos ao que interessa.

Tomamos a escada rolante que leva á bilheteria e ela não estava mais lá, havia se mudado para o andar superior e lá fomos nós. Logo que pude visualizar a bilheteria, achei que, das duas, uma: ou estava havendo uma briga ou talvez o shopping tivesse promovido uma grande estréia trazendo a própria Angelina Jolie em pessoa (e que pessoa), para recepcionar o público de “O Procurado”. Era gente demais. Os noventa por cento da população também resolveu ir ao cinema e havíamos combinado de pegar a primeira sessão devido o preço ser bem mais em conta, afinal, temos que admitir que ser cinéfilo está ficando cada vez mais difícil e pesado pro bolso, mas o pequeno distúrbio "horástico" (inventei essa palavra agora) da Íris impediu de chegarmos na hora. A Irinha confunde 1 hora com 2 horas; é um distúrbio que necessita de ser tratado e não criticado.. (hehe... não quero arriscar). Voltemos á bilheteria!

Pegamos o boletim e procuramos o horário da próxima sessão. Estava lá "Ensaio Sobre a Cegueira", filme baseado no livro do Saramago e dirigido pelo nosso Fernando Meireles; estava também "Mama Mia" com Meryl Streep e elenco maravilhoso. Ficamos tentadas. Por que não? Raciocinamos. E a nossa homenagem ao Brad Pitt? Desistiríamos? Claro que não! Estávamos ali para homenagear o Brad Pitt e íamos fazê-lo, ora!

Finalmente, depois de quarenta minutos, chegou a nossa vez. Compramos os ingressos, corremos para comer alguma coisa e andar um pouco. Andar?? Onde?? Como é que anda no Iguatemi, num domingo á tarde? Lembrei de “A Rosa Púrpura do Cairo”, do Wood Allen, que conta a história de Cecília (interpretada maravilhosamente por Mia Farrow), uma garçonete cinéfila que é transportada para dentro da história. Parecia que o mesmo estava acontecendo comigo e com Íris, ali no Iguatemi, estávamos dentro do filme “Os Últimos Dias de Pompéia”. Em vez de sairmos atrás de barcos, saímos atrás de comida.

Depois de enchermos a pança, fomos concretizar nossa homenagem ao Brad Pitt. Comprei um caríssimo saco de pipoca e adentrei no escurinho do cinema, junto com a Íris. E o filme teve início. Agora, pense num filme ruim e multiplique por mil. Pensou? Multiplicou? Não chega aos pés de “O Procurado”. Violento, confuso e burramente mentiroso. Existem filmes cuja mentiras (comum em qualquer filme) são insuportáveis, mas “O Procurado” bateu todos os recordes; a única coisa verdadeira na tela foi a beleza da esposa do nosso homenageado.

 

Monday, September 15, 2008

Quem é Jesus, afinal?

Sempre leio os Evangelhos. As palavras de Jesus são maravilhosas, carinhosas, ternas, enchem o coração de esperança, mas ao mesmo tempo, são perigosas. Perigosíssimas.Outro dia conversei com alguém que me falou do exagero da Bíblia ao afirmar que Jesus é o Filho de Deus. Essa pessoa me disse que Jesus era um grande líder espiritual, um iluminado, um espírito superior, mas filho de Deus não podia, é exagero.
Aí é que mora o perigo das palavras de Jesus.
Gosto de ler o pensamento das religiões. Gosto de ler, por exemplo, o pensamento hindu de Gandhi, tem muita coisa que aprendi com o mestre indiano, apesar de não concordar com tudo; também gosto de ler o pensamento budista do Dalai Lama, muita coisa tiro para minha vida e, como nasci numa família kardecista, a questão da caridade está entranhada em mim, graças a Deus.
Tem uma coisa que percebo nos grandes mestres religiosos: TODOS falaram sobre salvação, todos se preocuparam em apontar o caminho da salvação, cada um a sua maneira, é claro, mas todos eles foram homens preocupados com o destino da humanidade. Foram sinceros nas suas respectivas religiões.
Dalai Lama e todos os Budas que vieram antes dele, afirmam que para encontrar o Nirvana é preciso se esvaziar dos desejos carnais, ser desapegado dos prazeres mundanos; Gandhi também falou do desapego, da purificação interior para encontrar o paraíso hindu e Kardec, por sua vez, disse que para ser salvo é preciso ser caridoso. TODOS apontaram o caminho da salvação FORA DE SI MESMO. É exatamente aí que as palavras de Jesus me fazem estremecer. Jesus Cristo, igual aos grandes mestres, também pregou o desapego ás coisas materiais, também pregou a purificação da alma, a morte do Ego, só que Ele fez algo absolutamente inusitado e que me mete medo, caso eu esteja errada em crer que Ele é o Filho de Deus, pois eu creio em Jesus pelo que Ele falou e fez nas Escrituras.
Jesus não apontou para fora de si a salvação como os demais, Ele disse: EU SOU o caminho, EU SOU a verdade, EU SOU a vida! Você pode parar um pouco para pensar sobre esta frase? Veja bem, enquanto os outros mestres apontaram para fora de si o caminho da salvação, Jesus disse que ELE é o caminho, que ELE é a verdade. Você não acha que é muita pretensão, caso Jesus não seja quem Ele disse ser? Não é um verdadeiro show de megalomanismo, de egocentrismo, um homem falar que ninguém vai a Deus se não for por Ele? Não é um festival de excentricidade Jesus afirmar que quem amar pai e mãe mais do que a ELE não é digno da salvação? Na cultura judaica, somente Deus está acima de pai e mãe em autoridade, então, o que Jesus quis dizer com isso? Se Jesus realmente não for o Filho de Deus como ELE diz, então Jesus Cristo é o maior mentiroso, egocêntrico e megalomaníaco ser que já apareceu neste planeta, não tendo autoridade nem mesmo para liderar o inferno, porque se tudo isso é mentira, os demônios são mais verdadeiros do que Ele. Se tudo o que Ele falou for mentira, não há absolutamente nada de iluminado em Jesus ou de espírito superior.
E ainda tem mais: foi o único líder espiritual na face da terra que teve a ousadia de perdoar pecados como se fosse o dono da vida daquelas pessoas. Nem os profetas tiveram essa coragem, disseram: "Assim diz o Senhor!", nunca "EU DIGO!". Era O Senhor que estava dizendo, não eles.
As palavras de Jesus Cristo nos obrigam a meditar nelas, a nos ocuparmos em descobrir QUEM realmente é Jesus, O Filho de Deus ou um embusteiro, porque, afinal, se Ele é quem realmente diz ser, então corramos para trilhar esse Caminho que é Ele. Afinal, é a salvação da nossa alma, é a nossa eternidade que está em jogo. Dependendo da nossa escolha, vamos ter MUITO TEMPO para nos alegrar, ou MUITO TEMPO para, tardiamente, nos arrepender.
Á Deus toda Glória!

Saturday, September 06, 2008

Lobby

No livro de Mateus, a mãe de João e Tiago, dois discípulos de Jesus, oportunando-se de estar próxima daquele que diziam ser o Messias esperado pelos judeus, pediu para que seus dois filhos tivessem lugar de honra no reinado que estava por vir (ela não imaginava que era um reinado espiritual). Seu pedido foi que um filho sentasse à esquerda e o outro à direita do trono. Vemos em plena Bíblia um lobbiyng de primeiríssima qualidade.

Fico imaginando se Jesus tivesse aceito tal proposta. Pobre mãe! Mal sabia ela que, caso seu desejo fosse atendido, poderia iniciar uma guerra sangrenta entre seus filhos pelo LADO DIREITO do trono. Havia nela ignorância total sobre o coração humano. Sabiamente, Jesus disse para a lobbysta que ela não sabia o que pedia: "Não sabeis o que pedis!" E não sabia mesmo. Não tinha noção do tamanho do livramento de sofrimento e solidão que Jesus estava lhe dando. A primeira a ser beneficiada com aquela recusa foi ela mesma, pois ficaria só e desfilhada.

Existem orações que um dia vamos agradecer por nunca terem sido atendidas. Mas graças a Deus que temos um lobbysta do qual O Senhor se agrada muito: o Espírito Santo, que intercede por nós com “gemidos inexprimíveis”.

Na verdade, não sei bem o que são esses gemidos inexpremíveis, mas entendo que é uma oração bem feita, uma intercessão que realmente convence o coração de Deus a nosso favor. Quando você for até Deus pedir alguma coisa, expor o seu desejo, não esqueça de dizer que Ele faça a vontade Dele, pois muitas vezes, igual áquela mãe, não sabemos o que pedimos, e a consequência de nossa oração impulsiva e emocional pode ser um preço alto a se pagar.

Pense nisso!

Friday, August 22, 2008

Mentiras Novas

É um saco acordar de manhã com esse festival de gingle político invadindo o sagrado sono. É gingle de todo jeito: forró, pagode, rap, e por aí vai. Mais saco ainda é que a mídia não inventa nenhuma mentira nova, a gente tem que aguentar as velhas e carcomidas lorotas.
Seria bom, pelo menos, acordar com novidades, com mentiras novinhas em folha. Mas não! São as mesmas mentiras cansativas, repetitivas, tediosas. Um desrespeito ao eleitor. Não dá pra inventar uma mentira de qualidade, que iluda poeticamente e nos dê a sensação que existe realmente alguém preocupado com o povo? EU QUERO MENTIRAS NOVAS! Eis a minha reivindicação. Fico indignada. Você acredita que existe um candidato cujo slogan é "quem sabe faz a hora"? Grande novidade, não?

Já não se fazem mentirosos como antigamente. Os mentirosos de antigamente tinham aquele ar de "salvador da pátria", de protetor, passavam uma imagem paterna; a gente só faltava subir no palanque e sentar no colinho deles. Aqueles, sim, sabiam produzir belas e boas mentiras. Só não souberam passar essa arte para a geração que está aí todo dia, adentrando o nosso doce lar com mentiras tão pobrezinhas. Ô geração sem criatividade!

Monday, September 10, 2007

Gotas de Sofia

Acordei cedinho. Era mais ou menos 5:30 da manhã. Assim que acordo gosto de conversar com Deus antes de conversar com qualquer pessoa. Sento na minha cadeira de balanço e abro meu coração para Ele. As vezes fico um tanto quanto confusa sobre essa nossa relação (minha com Deus). Convenhamos, é uma relação desigual. Veja bem, é um ser imperfeito (eu) tentando compreender um Perfeito (Deus); um ser finito querendo ouvir um Infinito; um ser que não tem poder nem pra saber o que vai acontecer daqui a um minuto desejando ter comunhão com um que conhece toda a Eternidade. Não é covardia? Pois bem, o que me dá coragem e ânimo para apostar nessa relação é que a Bíblia diz que esse Deus quis ser mais que Deus, quis ser Pai e Amigo meu, e eu acredito. A Bíblia também diz que Ele não ficou esperando que eu mudasse, que eu me tornasse uma pessoa melhor, que tivesse um caráter perfeito para que Ele pudesse me aceitar, mas a Bíblia diz que Ele quis ser meu Pai e Amigo apesar de todas as minhas debilidades, fraquezas e falhas. E ponha debilidades, fraquezas e falhas nisso. Não sei como Ele ainda não perdeu a paciência comigo; sou reclamona, questionadora, apressada (a
causa de eu "comer cru" muitas vezes) e minha fé não é das melhores. Me surpreende perceber que Ele não desiste de mim e que todas as vezes que eu converso com Ele, a Paz que Ele promete na Bíblia desce imediatamente. É verdade, num é conversa mole, não! Experimente ficar um tempo na presença Dele. Mesmo que o problema demore a ser resolvido, Deus, nosso Pai e Amigo nos dá uma tranquilidade incondicional. Ninguém fica dependendo de ter paz só se o problema for resolvido. A famosa "paz do Senhor" invade o mais turbulento dos corações; a mais atormentada das mentes; e para isso é preciso só ter um tiquinho de fé, num precisa ser coisa muito grande, não. Basta essa fé ser do tamanho de uma semente de mostarda. Você já viu uma semente de mostarda? É do tamanho da cabeça de um alfinete. Jesus diz que se a nossa fé for do tamanho dessa semente, seremos capaz de transportar montanhas. Quando leio essa passagem, imagino Deus com um microscópio tentando enxergar a minha fé e gritando: "Achei!!!! Aqui está a fé da Rosane!" (rrss). Deus quer só um motivozinho pra ajudar, pra curar, pra derramar paz. Aposte nessa relação! Ele não requer coisas impossíveis e cá pra nós, se fosse necessário explicar a questão da fé, não seria fé, seria ciência; e você já pensou nos milhares de anos que isso demoraria? Não conseguimos nem acabar com uma simples gripe através da ciência, imagine encontrar e provar a existência de Deus.

A fé é o meio mais rápido e eficaz para se ter um contato verdadeiro com Deus.
Basta apenas virar criança outra vez.