Não sei em quem votar. Isso pode parecer bobagem, mas dá uma tristeza no peito não saber em quem votar. Antigamente eu sabia. Mas antigamente era antigamente. Acho que meus quase cinquenta anos estão pesando; tô ficando ranzinza, chata e amargurada com esse negócio de eleição. Antes, eu escolhia meu candidato e ponto final. Brigava por ele, acreditava, confiava, tinha certeza que ele era o melhor para o país, mesmo que não fosse, mas era o MEU candidato, por isso não aceitava que falassem mal. Nas eleições de antigamente eu podia escolher entre um candidato ruim (o adversário do meu candidato) e um candidato bom (o meu candidato). Hoje é estranho. Não acho meu candidato bom o suficiente; não tenho certeza se ele é o melhor para o país; não sinto confiança no que ele fala.
Quando vejo a propaganda eleitoral me sinto uma jurada de TV em um teste para telenovelas. Os que passarem no teste irão para suas respectivas novelas: a das seis (deputados), onde só tem idiota e quer porque quer passar por inofensiva, mas de inofensiva não tem nada; a das sete (senadores), que diz ter criatividade, mas na realidade é uma repetição de velho folhetim; e por fim a poderosa novela das oito (presidência), onde todo mundo se mata para presidir uma METALÚRGICA.
E nós, impotentes e indefesos telespectadores, temos que escolher. Escolher quem tem mais talento para fingir, quem melhor vende a ilusão de que existe um túnel. Não, não escrevi errado. Não estou querendo escrever "luz no fim do túnel". Nesses tempos amargurados, luz no fim do túnel é sonhar alto demais.
By Rosane de Castro/ Setembro/2010
Thursday, September 16, 2010
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1 comment:
Eu também nos meus quase 25 anos não sei em quem votar. Na verdade nunca soube, porque quando eu comecei a votar a bagunça já era grande e agora está ainda pior.
Muito bom o texto. Ri demais. Beijos.
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