Sunday, March 04, 2007

Certa vez fiquei na Internet até três horas da madrugada, tendo que levantar bem cedo para ir ao médico e depois para o trabalho. Acordei tarde. Tinha que estar no médico ás 08h e acordei 08h45min. Fiquei revoltada comigo mesma. O estranho é que tive a impressão que passei menos de uma hora na net; quando olhei para o relógio não acreditei: naveguei cinco horas e meia. Incrível! Como a net nos engole, consome nosso tempo sem que percebamos.
Fui ao quarto de minha mãe, abri a porta bem devagar. Ela dormia como um bebê. Meu coração apertou. Mamãe tem 78 anos, eu poderia ficar mais tempo com ela. Chego tarde em casa, sempre tenho algo para fazer após sair do trabalho e o pouco tempo que fico em casa tenho estado na Internet.
Téozinho, um garoto que trabalha comigo, falou que a net é um “empata relacionamento”. É verdade. A net destrói não só relacionamentos com o outro, mas conosco mesmo e com Deus; a net é um “Don Juan virtual”, um templo de adoração a um deus que finge nos dar amigos. Passa a falsa impressão que estamos nos relacionando, quando na verdade, estamos cada vez mais longe um do outro.
No dia seguinte jantei na casa de uma amiga que não a via há dias. Quando a abracei e senti sua alegria por ver-me, percebi quão artificiais são os relacionamentos via computador. O cheiro do arroz, do molho da carne, as risadas na mesa, a alegria de estar junto, o “olho no olho” , são coisas que NUNCA poderão ser substituídas pela Internet.
Não tenho nada contra a tecnologia, muito pelo contrário, facilita a vida, mas não a preenche, não a enfeita, não a completa.
Além de tudo, descobri muitas falhas na net. Encontrei, por exemplo, um texto do Machado de Assis como sendo do Eça de Queiroz, uma biografia do Presidente Lula afirmando ser ele paulista e uma crônica do Arnaldo Jabor como sendo da Martha Medeiros.
A Bíblia diz que não devemos entregar nossa força a estranhos. Tempo é força. A Internet deve ser tratada como uma empresa que nos presta serviço e não como um deus. Ela foi feita para nós, para nos servir, não ao contrário.
Para o caríssimo internauta a frase pode parecer boba, mas a achei verdadeira, apesar de meio infantil. Alguém proseando num banco da Praça do Ferreira – aliás, coisa gostosíssima de se fazer - comentando sobre este assunto, falou, fazendo trocadilhos com palavras: “Prefiro tomar um yogurte com um amigo apenas, contemplando seu rosto, do que ficar no Orkut com mil”.

3 comments:

Anonymous said...

O HOMEM; AS VIAGENS
(Carlos Drummond)

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro – diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto – é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com a injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol e dá uma volta
só pra tever?

Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

Anonymous said...

Eu penso que algumas pessoas passam pela nossas vidas independente de perto ou longe sem deixarem um fiozinho de luz, mas algumas que muitas vezes nem conhecemos bem, passam deixando um rastro de luz intenso, que nos faz bem e nos ilumina.Eu sou assim qd penso nas pessoas que eu tenho em meu coração,transmito sempre uma energia positiva.Se toda forma de amar vale apena, obrigada senhor por ter colocado pessoas assim mesmo distante na minha vida.Só não podemos deixar de tomar aquele cafezinho com um pedaço de bolo ao lado de amigos sempre.E falar nisso amiga estarei ai nesta cidade maravilhosa para um fim de semana depois do dia das mães para tomarmos um delicioso café.

Anonymous said...

Não tenho muita paciências com Internet.Vejo quase que diariamente,mas fico pouco tempo.Acho essa onda de relacionamentos(seja de que natureza forem) virtuas um grande equívoco.Vejo isso apenas como um passatempo que envolve pessoas.Relacionar-se é outra coisa.