amamos sobre tábuas duras.
É o amor sem conforto
de dois animais vivos.
Amamos sem lençol
e sem travesseiro.
O sol que ilumina
nossos gestos obcenos
é a luz do candeeiro.
Ó sol de querosene
nos peitos molengos
de uma peniqueira!
Hei de morrer cativo
a esta lengalenga
que faz mover o sol
- o sol e as estrelas.
Hei de morrer impuro.
Que sabão lavará
a minha infância suja
que nessa comilança
já hoje se lambuza?
Sou um bicho. E me escondo
numa gruta de Vênus.
Sou como os caranguejos
que afundam na lama
dos mangues. E amo
depressa como os galos.
E relincho na noite
igual aos cavalos.
E amo desengonçado
como todos os homens.
Na cama que é uma mesa
no Banheiro do Cego
mato a minha fome.
Tiro a roupa. E como.